domingo, 24 de março de 2013

Arrego



Não vim aqui para lhe dizer
o que você deve fazer
eu não vou me iludir
tenho tempo pra esperar
e nesse lenga lenga
eu não posso ficar

Você pode até brincar
com doces palavras consertar
mas mesmo comprando meu sorriso
em você tudo posso enxergar

Não vim aqui pra dividir
Só dá bobeira em separar
O que o coração só faz agregar
Em cima do muro só fica
Quem tem medo de amar.

terça-feira, 10 de julho de 2012

intervenção

naquele momento senti seu coração bater tão forte,
fiquei com vontade de dançar
no ritmo da tua suave percussão.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

algoz

minha vida
é a única coisa que tenho
é por isso que meu fim
será com minhas próprias mãos

ninguém tem direito de tirar minha vida
senão eu mesma.



sábado, 16 de junho de 2012

struggle

amigos:
o derrame
calma,
o vacilo
solto
e os dependurados na condição (ou questão) de
ser
agitam
peixes profundos
dentro de nós

domingo, 29 de abril de 2012

Je ne t'aime plus

Tellement j'ai voulu croire
Parfois j'aimerais mourir
Pour ne plus rien savoir

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Shisui (Água Parada)

Manguelama

Estática dos sonhos
Barreira emotiva
Racionalidade caindo
Loucura vindo

Ela procura
procura
no meio da bagunça
no meio da lama
no meio do sangue
no meio das chaves
um curativo
paleativo
fugitivo
pro coração.

Ela se sente só
No meio da tensão
A água parada gesta microorganismos
algas que me ajudam a respirar
e mosquitos hematófagos
a me drenar
até o poço secar.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Insignificância

Se eu parar pra pensar na racionalidade,
numa racionalidade transcendental, digamos assim
que nos faça transitar da graça pra verdade
que é a natureza
que sinto muito, pensem, nunca nós fomos capazes de transformá-la
continuamos nascendo, sendo concebidos do mesmo jeito
morrendo do mesmo jeito
(a morte é o fenômeno mais democrático que existe na natureza)
pensa assim
no tamanho dos átomos
pensa agora
no tamanho do universo
contabilize, você, racional
que diferença você faz além de nenhuma?
não somos nada, nunca fomos nada
a nossa maior dádiva, acredite
é nossa criatividade
graças a ela, podemos fingir que somos loucos ou inteligentes
e criar coisas que não existem
e na verdade, mesmo materiais elas continuam não existindo

eu paro sempre pra pensar nas filosofias orientais
quando filósofos ocidentais existencialistas
se acham super fodas e vem nos falar da tal pós-modernidade
dessa fluidez, da efemeridade
me desculpem, ocidentais
os chineses são pós-modernos há milênios antes de cristo
está na essência dos antípodas essa visão do universo
que tudo é dialética yin e yang (e assim sai Marx pelos fundos)
que tudo no mundo está em constante mudança e transformação (tchau, grandes químicos ocidentais, físicos sub-atômicos, criadores de bombas nucleares)
que tudo é efêmero e o ego não existe (tchau, existencialismo)

o ego não existe, é fruto da criatividade do indivíduo
que pode ser amor, amor aquele de khali gibran
que pode "tanto contribuir para vosso crescimento quando trabalhar para vossa poda"

ocidente, disso nós nunca demos conta
não existe essa de dividir o pensamento em correntes (filosóficas, sociais, individuais, racionais)
o pensamento sempre foi um só, não importa
se coletivo ou indivíduo

os problemas sempre foram os mesmos pra nós
e nunca se resolveram
é por isso que inventamos o pensamento
pra nos libertar do suicídio promovido pela insignificância
o pensamento é uma dádiva
e sua maior importância
é que ele nos permite sonhar

isso sim é pra pensar
isso não existe em nenhum lugar
e é por isso que vou continuar
vou parar com essa de por o pé na frente
e eu mesma tropeçar

se existe algo a nos ser ensinado enquanto indivíduo
é exatamente o contrário do equívoco "o inferno são os outros"
se é o ego que está em jogo, tenho uma resposta
e pode ser ridícula por ser de um artista de massa
quando digo "massa", falo desse termo que para os intelectuais gera descrédito
é, é de massa sim, é clichê sim
mas é mais verdadeiro que milhares de livros cabeçudos que a gente lê por aí pra depois ter poder e gosto de refutar
está no kung fu
arte corporal pós-moderna e dialética, e a mais antiga arte marcial
nos ensina
que se existe um inimigo a ser derrotado
o seu nome é EGO

"A possessão de qualquer coisa começa pela mente"
(Bruce Lee)