Nada que não gostaria de dizer. Sério, aquilo me deixou meio preocupada, mas é como se nada do que eu falasse fosse adiantar. Repousou lentamente a mão direita na mesa, e com a esquerda levantou o copo e levou até a boca o líquido esverdeado(on the rocks). Um gota que quase escapou de seus lábios logo foi apreendida sem ser percebida. Depois olhou para a janela forçando uma segurança. Disse que só estava cansado.
- Não perguntei isso.
E minha cabeça girou. Seria legal imaginar que isso aconteceu porque ele colocou algo na minha bebida, mas não foi isso. Talvez na dele... pelo menos.
Deu uma leve tossida e olhou nos olhos. "Olhos nos olhos"
Depois um sorriso. Só para garantir que a certeza o confundisse de novo. A hortelã que flutuava e esverdeava afundou no copo.
- Nada que não possa ser dito.
Claro que não. Só não queria ter que falar aquilo pra ele. Mas confesso que me preocupou. Mesmo. Uma frase em inglês estava na ponta da língua, pronta pra ser dita.
- ...
- Você tem algo pra falar, eu sei.
- Bem que eu gostaria...
E ele foi embora. Olhei para a hortelã no fundo do copo e cantei com os lábios mudos:
"Hey, look at him! I'll never live that way..."
(Ei olhe pra ele! Eu nunca viverei desse jeito...)
O mensageiro dos ventos que ficava preso à porta do café tilintou com sua saída.
Keep on dreamin' boy,
'cause when you stop dreamin it's time to die.
disparates IV
Há 9 anos