quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Insignificância

Se eu parar pra pensar na racionalidade,
numa racionalidade transcendental, digamos assim
que nos faça transitar da graça pra verdade
que é a natureza
que sinto muito, pensem, nunca nós fomos capazes de transformá-la
continuamos nascendo, sendo concebidos do mesmo jeito
morrendo do mesmo jeito
(a morte é o fenômeno mais democrático que existe na natureza)
pensa assim
no tamanho dos átomos
pensa agora
no tamanho do universo
contabilize, você, racional
que diferença você faz além de nenhuma?
não somos nada, nunca fomos nada
a nossa maior dádiva, acredite
é nossa criatividade
graças a ela, podemos fingir que somos loucos ou inteligentes
e criar coisas que não existem
e na verdade, mesmo materiais elas continuam não existindo

eu paro sempre pra pensar nas filosofias orientais
quando filósofos ocidentais existencialistas
se acham super fodas e vem nos falar da tal pós-modernidade
dessa fluidez, da efemeridade
me desculpem, ocidentais
os chineses são pós-modernos há milênios antes de cristo
está na essência dos antípodas essa visão do universo
que tudo é dialética yin e yang (e assim sai Marx pelos fundos)
que tudo no mundo está em constante mudança e transformação (tchau, grandes químicos ocidentais, físicos sub-atômicos, criadores de bombas nucleares)
que tudo é efêmero e o ego não existe (tchau, existencialismo)

o ego não existe, é fruto da criatividade do indivíduo
que pode ser amor, amor aquele de khali gibran
que pode "tanto contribuir para vosso crescimento quando trabalhar para vossa poda"

ocidente, disso nós nunca demos conta
não existe essa de dividir o pensamento em correntes (filosóficas, sociais, individuais, racionais)
o pensamento sempre foi um só, não importa
se coletivo ou indivíduo

os problemas sempre foram os mesmos pra nós
e nunca se resolveram
é por isso que inventamos o pensamento
pra nos libertar do suicídio promovido pela insignificância
o pensamento é uma dádiva
e sua maior importância
é que ele nos permite sonhar

isso sim é pra pensar
isso não existe em nenhum lugar
e é por isso que vou continuar
vou parar com essa de por o pé na frente
e eu mesma tropeçar

se existe algo a nos ser ensinado enquanto indivíduo
é exatamente o contrário do equívoco "o inferno são os outros"
se é o ego que está em jogo, tenho uma resposta
e pode ser ridícula por ser de um artista de massa
quando digo "massa", falo desse termo que para os intelectuais gera descrédito
é, é de massa sim, é clichê sim
mas é mais verdadeiro que milhares de livros cabeçudos que a gente lê por aí pra depois ter poder e gosto de refutar
está no kung fu
arte corporal pós-moderna e dialética, e a mais antiga arte marcial
nos ensina
que se existe um inimigo a ser derrotado
o seu nome é EGO

"A possessão de qualquer coisa começa pela mente"
(Bruce Lee)

sábado, 24 de dezembro de 2011

The Remedy

If you've gots the poison I've gots the remedy

the remedy is the experience
It is a dangerous liaison
I say the comedy is that its serious
Which is a strange enough new play on words
I say the tragedy is how you're gonna spend
the rest of your nights with the light on
So shine the light on all of your friends
when it all amounts to nothing in the end.

I won't worry my life away.

(Jason Mraz)

I don't know who I am anymore

não parei de pulsar
respirar, suspirar e ofegar
caminhar, correr e saltitar
picar, ebulir e cozinhar
debulhar, apertar e tragar
pesquisar, ler e entender
produzir, praticar e crescer
temperar, degustar, aprender
não deixei de curtir
estou todos os dias a sorrir
a cada dia a esperança me dá uma nova chance
me diz, meu Deus
o que há de sobra pra por na balança
se aprendi a ser desagradável quando
a educação honrosa e necessária
torna-se uma máscara
estou farta
vou vingar, vou gritar
vou berrar se precisar
falar alguns palavrões também
estou vivendo do meu jeito
assim me foi ensinado desde o começo
põe na balança
pensa na balança, põe na sua cabeça
que ela existe
e que penso bastante nela
em todos os sentidos
corporais, subjetivos, materiais, sentimentais, concretos, estúpidos e importantes
estou jogando o tempo todo
desde cedo aprendi
SE É AMARGO É PORQUE FAZ BEM PRO ESTÔMAGO
e eu estou viva
mais viva
a cada dia
então pare de adoecer
pare com isso de uma vez
e sorria
motivo pra dor a gente vê todo dia

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Lua Cheia

Quando o espinho do arbusto ficar branco, eu irei para casa
Estou indo embora para ver o que posso concluir
E eu não sei para onde irei
E eu não sei o que verei
Mas tentarei não trazer para casa comigo

Como a manhã de sol, seus olhos me seguirão
Enquanto você me ve vagar, amaldiçoa os poderes de ser
Porque tudo o que eu quero é aqui e agora, mas já está sendo e foi
Nossas intenções sempre duram um pouco demais

Muito muito longe, nenhuma voz sonando, ninguém à minha volta
e você ainda está lá
Muito muito longe, nenhuma voz passando, nenhum tempo me confunde
e você ainda está lá

Na luz da lua cheia eu ouço o córrego
E dentre o silêncio, eu ouço você me chamando
Mas eu não sei onde estou, e não confio em quem venho sendo
E se eu for pra casa, como poderei sair?

Full Moon - The Black Ghosts
There's a fire starting in my heart
Reaching a fever pitch and its bringing me out the dark

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Noite Severina

Corre calma Severina noite
De leve no lençol que te tateia a pele fina
Pedras sonhando pó na mina
Pedras sonhando com britadeiras
Cada ser tem sonhos a sua maneira


Corre alta Severina noite
No ronco da cidade uma janela assim acesa
Eu respiro seu desejo
Chama no pavio da lamparina
Sombra no lençol que tateia a pele fina

Ali tão sempre perto e não me vendo
Ali sinto tua alma flutuar do corpo
Teus olhos se movendo sem se abrir
Ali tão certo e justo e só te sendo
Absinto-me de ti, mas sempre vivo
Meus olhos te movendo sem te abrir

Corre solta suassuna noite
Tocaia de animal que acompanha sua presa
Escravo da sua beleza
Daqui a pouco o dia vai querer raiar

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Somebody That I Used To Know

http://www.youtube.com/watch?v=8UVNT4wvIGY

Now and then I think of when we were together
Like when you said you felt so happy you could die
Told myself that you were right for me
But felt so lonely in your company
But that was love and it's an ache I still remember

You can get addicted to a certain kind of sadness
Like resignation to the end
Always the end
So when we found that we could not make sense
Well you said that we would still be friends
But I'll admit that I was glad that it was over

But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened
And that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger
And that feels so rough
You didn't have to stoop so low
Have your friends collect your records
And then change your number
I guess that I don't need that though
Now you're just somebody that I used to know

Now and then I think of all the times you screwed me over
But had me believing it was always something that I'd done
And I don't wanna live that way
Reading into every word you say
You said that you could let it go
And I wouldn't catch you hung up on somebody that you used to know...

But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened
And that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger
And that feels so rough
You didn't have to stoop so low
Have your friends collect your records
And then change your number
I guess that I don't need that though
Now you're just somebody that I used to know

I used to know
That I used to know

Somebody...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Pense duas vezes antes de esquecer

Já te dei a senha do meu segredo
Já te dei a chave do meu coração
Minha digital impressa no seu dedo
Todos os seus beijos para o meu batom
Nossos pés pisaram as mesmas pegadas
Seus cabelos encaracolaram os meus
Tantos fins de tarde, tantas madrugadas
Não me deixe nunca pelo amor de Deus
Já senti saudade, já senti ciúme
Já te dei motivo pra perder a razão
Desse mal a gente nunca fica imune
Nunca demos chance pra desilusão
Nossos olhos viram as mesmas miragens
Os acasos se amarraram pra nós dois
Todas as risadas, todas as bobagens
Eu não tenho medo do que vem depois

(Marcelo Jeneci)

Pluto

i'm scared
i don't know what i am anymore
or where i belong
i see no wisdom
no glory
no grace
and starting to get hopeless

i want you, Sun
to make the light appears again
there's no life
there's no light
even for you there's no reason for me to try


now, i'm dead
i see the cross river
but i can see me
it's good to recognize
but i'm on the other side
and here with me
i see our bodies walking together
and i can't follow your steps
if my soul are not welcome

blind
what hand should i take
purgatory with you
or reborn alone

i don't want to stop
if i came until here
i want to believe

i love you, Sun

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Feita pra Acabar

Quem me diz
Da estrada que não cabe onde termina
Da luz que cega quando te ilumina
Da pergunta que emudece o coração?

Quantas são
As dores e alegrias de uma vida
Jogadas na explosão de tantas vidas
Vezes tudo que não cabe no querer?

Vai saber
Se olhando bem no rosto do impossível
O véu, o vento o alvo invisível
Se desvenda o que nos une ainda assim


A gente é feito pra acabar!


A gente é feito pra dizer
Que sim
A gente é feito pra caber
No mar

E isso nunca vai ter fim.

http://www.youtube.com/watch?v=8yJpLc5tIP4

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Aeria Gloris

"Calling, calling now, for the place of knowing
There's more that what can be linked
Calling, calling now, never will i look away
For what life has left for me
Yearning yearning, for what's left of loving"





http://www.youtube.com/watch?v=qXQLgESzvnM

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Leva-me aos Fados (Ana Moura)

Chegaste a horas
Como é costume
Bebe um café
Que eu desabafo o meu queixume
Na minha vida
Nada dá certo
Mais um amor
Que de findar me está tão perto


Leva-me aos fados
Onde eu sossego
As desventuras do amor a que me entrego
Leva-me aos fados
Que eu vou perder-me
Nas velhas quadras
Que parecem conhecer-me

Dá-me um conselho
Que o teu bom senso
É o aconchego de que há tempos não dispenso
Caí de novo, mas quero erguer-me
Olhar-me ao espelho e tentar reconhecer-me

domingo, 28 de agosto de 2011

Estômago

“Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina – ela repetiu olhando-se bem nos olhos, em frente ao espelho. Ou quando começa: certo susto na boca do estômago. Como o carrinho da montanha-russa, naquele momento lá no alto, justo antes de despencar em direção. Em direção a quê? Depois de subidas e descidas, em direção àquele ponto seco de agora. Restava acender outro cigarro, e foi o que fez”

(Caio Fernando Abreu)

Maldição

"Quando percebi, estava olhando para as pessoas como se soubesse alguma coisa delas que nem elas mesmas sabiam. Ou então como se as transpassasse. Eram bichos brancos e sujos. Quando as transpassava, via o que tinha sido antes delas, e o que tinha sido antes delas era uma coisa sem cor nem forma, eu podia deixar meus olhos descansarem lá porque eles não se preocupavam em dar nome ou cor ou jeito a nenhuma coisa, era um branco liso e calmo. Mas esse branco liso e calmo me assustava e, quando tentava voltar atrás, começava a ver nas pessoas o que elas não sabiam de si mesmas, e isso era ainda mais terrível. O que elas não sabiam de si era tão assustador que me sentia como se tivesse violado uma sepultura fechada havia vários séculos. A maldição cairia sobre mim: ninguém me perdoaria jamais se soubesse que eu ousara.Ninguém me perdoaria se soubesse que eu sei o que elas são, o que elas eram."

(Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

"Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir os nãos que a vida me enfia pela goela a baixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar um café e continuar."

"Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo. Que aceitei a queda, que aceitei a morte. Que nessa aceitação, caí. Que nessa queda, morri. Tenho me carregado tão perdido e pesado pelos dias afora. E ninguém vê que estou morto."

(Caio Fernando de Abreu)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Dê-me alguns minutos

Irmãs, nossos irmãos estão a chegar?

Sopro Vital

Esvai-se

Nublada

Ando meio opaca
ofuscada
Tomara que seja
apenas um eclipse.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Caminho

Em qual abismo meus pés estão me levando?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

a água passa

a areia fica no lugar













(caetano veloso)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

A Loucura

É a maior lucidez que o mundo pode me proporcionar
Enquanto a resposta for
"não vale a pena"
Todo surto parece válido


E a Impotência, afinal... traduz falta de poder ou falta de liberdade?
"Penas, por ser entregue"
As presas já marcaram o bastante pra estar em carne viva
E não mais
à flor
da pele.

Bom por estar vivo
Que viver dói...

terça-feira, 26 de julho de 2011

Perda e Permanência

Liberdade #7

É uma folha em branco

É uma chave
tingida de sangue.

eu construo

e descontrolo
livro as mãos

Vertigem: pra quê?

respira, por favor
respira

a verdade

é pura mentira
não existe
não existo

volto aos poucos ao que sempre fui
e um dia eu vou sumir

pra quê se entregar?
por que dói? por que dói?

"me responda, filha
qual arte diz a verdade?"

e por que a gente sonha?

cai!
cai!
CAI!
de uma vez...



...pra nunca mais.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

..

There's an empty space inside my heart
Where the weeds take root

cinema

eu gosto do que não existe

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Poetry

embaixo d'água
congelada em um segundo
eternizada
em meu preso fôlego
esperando que um dia me encontrem
conservada em lembranças
do que um dia antes
fora sólido

em filtros de cores
lentes de amores
focos e closes
silêncio e morte
daqueles que buscam
no passado o futuro
se no fundo
só são imortais
as assombrações

por isso
tire uma foto

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Chave Mestra

O que está atrás da porta?
O que não é como aparenta ser?
O que eu sei no fundo de mim mesma que preferia não saber?
Que parte de mim foi morta ou está agonizando?

domingo, 22 de maio de 2011

Esperança

“Ideias são como pescar: você precisa de isca e anzol. Se você quiser pegar um peixe pequeno, você não precisa ir muito longe. Por outro lado, se quiser pegar um peixe grande, você tem que ir fundo. Um desejo é como uma isca. Focar-se em alguma coisa é como colocar a isca no anzol. Se sua consciência está aumentando você pode ir mais fundo. E o que vêm das profundezas é grande, puro, poderoso e abstrato. Tudo o que você puder fazer para aumentar a capacidade de ‘pegar o peixe grande’ é válido. Eu estou procurando peixes que possam se traduzir no cinema. E eu sei que eles existem.”
— David Lynch

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Limite

Em passos largos caminho
pulando sobre pedras
que outrora joguei no rio
assim posso atravessar
a fronteira entre
coração e mente
talvez um dia
(por favor)
fundam-se calmamente.

sábado, 9 de abril de 2011

How to Flight Loneliness (WILCO)

How to fight loneliness
Smile all the time
Shine your teeth to meaningless
And sharpen them with lies

And whatever is going down
Will you follow around
That's how you fight loneliness

You laugh at every joke
Drag your blanket blindly
Fill your heart with smoke

And the first thing that you want
Will be the last thing you'll ever need
That's how you fight it

Just smile all the time

segunda-feira, 4 de abril de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

do Amor

Segue o texto que encontrei lendo o blog http://correndocomlobos.blogspot.com/

Almitra disse: “Fala-nos do Amor”.

E ele ergueu a fronte e olhou para a multidão, e um silêncio caiu sobre todos, e como uma voz forte, ele disse:

“Quando o amor vos chamar, segui-o,

Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;

E quando eles vos envolver em suas asas, cedei-lhe,

E quando ele vos falar, acreditai nele.

Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o jardim.

Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica. E da mesma forma que ele contribui para vosso crescimento, trabalha para vossa poda”.

(...)

Todavia, se no vosso temor procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,

Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez e abandonassem a eira do amor.

Para entrar no mundo sem estações, onde rireis, mas não todos os vossos risos, e chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.

O amor nada dá senão de si próprio, e nada recebe senão de si próprio.

O amor não possui e não deixa de possuir.

Pois o amor basta-se a si mesmo.

Quando um de vós ama, que não diga: “Deus está no meu coração”, mas que diga antes: “Eu estou no coração de Deus”.

E não imaginareis que possais dirigir o curso do amor, pois o amor, se vos achar dignos, determinará ele próprio o vosso curso.

O amor não tem outro desejo, senão o de atingir sua plenitude.

Se, contudo, amardes e precisardes de desejos, sejam estes vossos desejos:

“De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta sua melodia para a noite;

De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;

De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor;

E de sangrardes de boa vontade e com alegria;

De acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de amor;

De descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o êxtase do amor;

De voltardes para casa à noite com gratidão;

E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado, e nos lábios uma canção de bem-aventurança”.

Khalil Gibran

segunda-feira, 21 de março de 2011

Roído de Amor (Secos & Molhados)

É difícil você saber
Se me ama prá valer
É difícil sempre
Até mesmo como fazer


E é tão fácil de lembrar
O seu jeito de apalpar
É tão fácil sempre
Como quem viesse a calhar


Só não sei se o que devo pensar ao amar
É melhor ou pior que ficar
Ao sabor do eterno prazer de roer
O amor do teu corpo ao sofrer


É difícil você fugir
E tão fácil destruir
É difícil sempre
E tão fácil vagamente

domingo, 13 de março de 2011

Liberdade #6

Ouviu um clamar vazio enquanto procurava
Indagou-se porque sentia dúvida
frente, atrás, dos lados
nada.

Um sinal. Procurou.
Ouvia a percussão forte e ritmada
Percebeu que em sua maior virtude
encontrou-se numa encruzilhada.

Olhou para o céu branco e úmido
Como uma folha molhada de aquarela
Pronta pra ser tingida com seus resíduos
Guardando o melhor para o final, quando chovesse
preparando e aguardando o momento
sempre quis ver
chuva, lágrima e cores
invocados pelo vento
lavando e tingindo a cidade.

side




"I am going out to see what I can sow
And I don't know where I'll go
And I don't know what I'll see
But I'll try not to bring it back home with me"

(The Black Ghosts)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Acordei com o pé direito (só canhotos entendem)

Hoje acordei agitada. A chuva se pronunciava nos céus em nuvens brancas e cinzas (e talvez mais cores, para os esquimós), mas várias partes do céu estavam azuis, então pensei que não precisaria levar meu guarda-chuva. Mesmo sabendo que poderia me arrepender disso posteriormente.
Fui para a sala enquanto me arrumava e vi que havia um último cigarro num maço de hollywood azul. Como não era meu, pensei que não deveria pegar o último blá blá blá e todos aqueles rituais do universo mítico de quem consome bastonetes nicotinédicos fumegantes.
Ou senão "pregos".
Cigarros são pregos.
Uma vez ouvi essa história. Um português conhecido de um amigo meu dizia isso quando ia fumar. "Cada cigarro é um prego pro meu caixão"
Deixei o maço bem ali, em cima do sofá, intacto. Mesmo sabendo que poderia me arrepender disso posteriormente.
Terminei de me arrumar e pensei "não vai dar tempo de tomar café agora".
Mesmo sabendo que poderia me arrepender disso posteriormente.
Esperei(mesmo sabendo...) e quando cheguei ao meu destino, o céu caiu. "Tear(rain) drops keep falling on my head..."
A água chuva cobriu os meus braços numa fina película molhada. Não gosto. Sequei. Depois de perceber que quase tudo caiu junto com o céu, inclusive meu ânimo, meu humor e minha paciência, cheguei ao trabalho. Ar condicionado gelado.

Ilhada pela chuva, pelo frio e pelo meu compromisso, pensei alto:
- Eu devia ter trazido meu guarda-chuva.
- Eu devia ter tomado café.
- Eu não devia ter deixado aquele último cigarro.

- Você vai pegar uma gripe, moça! - Disse a faxineira que estendeu um pano para eu limpar meus pés.

- Vou mesmo. Sem dúvidas.

Hoje eu amanheci errado.

quinta-feira, 10 de março de 2011

mood

Ouço bastante: "Por que ouve tantas coisas tristes?"
Eu fico pensando, enquanto ouço minhas músicas, se elas realmente são assim. Acho que minha concepção de "música triste" é outra. É fato que, pra uma visão geral, tenho muita música meio deprê... mas o critério é outro.
Gosto de tudo que inspira mudança.




Isso é triste?

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mute










There are very many things
I would like to say to you,
but i've lost my way
and I've lost my words.
There are very many places
I would like to go
but I can't find the key
to open my door.


(Kings of Convenience)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Metamorfose




Já passou da hora dessa raposa
virar loba

(iwazaru, mizaru, kikazaru)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sonhos (e asia)

talvez eu esteja me esquecendo de algumas palavras
enquanto olho pro céu e o mar
e crio água
enquanto olho pra terra e pros meus pés
e crio raízes
enquanto respiro e descanso
e crio leveza
enquanto aprendo a dar as mãos pra todas e todos que me habitam
e crio amor
(mesmo que alguns arranhem em vez de ceder)

talvez eu esteja me esquecendo
existe algo fundamental pra essa alquimia
enquanto separo os ingredientes
o fogo parece que está
prestes
a queimar

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Vertigem #4







Encontrou a lucidez temendo o afago agudo de quando se perdia
Lá no fundo da paisagem, vê a mangueira
Ainda estou verde.



fearless on my breath



Quatro é um número par.



segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Das Loucuras

Ando descobrindo a cada dia que com o tempo meus olhos se acostumaram a ver apenas beleza. Minhas opiniões acerca do mundo eram no puro contato, e os limites desse contato eram estabelecidos apenas por mim.

Estou perdendo o medo das palavras e aprendendo a completar as minhas frases, sem deixar de ponteá-las(carinhosamente)com a minha subjetividade. Falando com clareza e segurança todas as palavras, uma por uma, que surgem gritando para sair...

Essas palavras secretas não saíam porque se sentiam satisfeitas bem ali, impressas dentro de cada célula do meu corpo. As belas faziam meu sangue fluir, as ruins me intoxicavam. E esse veneno doce me lembra de certa forma o tal "verme da maçã". Mas não existe cheiro algum nelas senão o meu. E elas marcaram o meu corpo, mente e alma, criando um território nunca antes explorado.

Arrancaram-me essa barreira e tudo vem saindo. Mas eu me pergunto se estaria eu no meu juízo para dizer se elas estão saindo todas de uma vez e me rasgando o estômago, ou se saem tão fluidas que chego a me questionar se elas realmente deviam ter saído.

Não existe arrependimento. Percebi que antes, quando eu declarava a busca pela leveza aos outros, eu o fazia de forma errada. As palavras continuavam lá, provocando uma gravidade com a qual eu estava acostumada desde o princípio.
Mas sim, eu consegui voar algumas vezes. Só que voei bem baixo. Voei sem tirar os pés do chão.
Quanta cobrança...
(essa palavra foi a mais amarga de sair)


Agora eu treino meus olhos para não ver apenas a superficialidade.

Qual será a hora certa pra tudo?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Liberdade #5 e a Carruagem




o número mágico aparece



Mostrou-se ausente de coragem, confiança e fé
pra sair da toca

Seus olhos dilatados
não ficarão cegos
diante da luz
e o Sol não queimará teus cílios
se toda noite, Lua
ela sai pra te encontrar
e a voz irrompe no silêncio
com a ajuda de sua sombra
refletida nas presas
cravadas numa dor embotada

borda então
na ponta da agulha
fios grossos
já que no fundo percebe
que perigo e oportunidade
nunca andam separados.



VII

dança primitiva

a voz de um passado vivido
não recordado
relevante por seu mistério
e brumas de miasma

o seu coro
chama
volte pra lua
não se perca de novo
no giro de suas mãos
que imprimem sua alma
cheia de recordações
nebulosas
dolorosas e belas
na poeira

e com sua voz aguda
dançando sobre os ossos

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

o retorno

inesperável

sábado, 22 de janeiro de 2011

encontro

no que se diz concreto perante mudança
aos vazios preenchidos contra a vontade
e com cicatrizes(ou não)
agora, motivo de orgulho
compreendo esse encontro
que já se mostrava ausente, mas não dependente
nem para completar
uma vez que não há mais espaço
para duas metades
e sim dois inteiros
de antemão preenchidos
por nós mesmos:
encontro e choque
tornam-se agudos e leves
em sintonia perfeita.