domingo, 26 de setembro de 2010

Gravidade




"No início não havia nada, apenas luz."

Cem mil Vertigens chegaram
com vigor e potência.

Nova arma: gravidade.
Apesar disso
Matizes, cores lutam
pra dar vida a este céu
preto e branco equivocado

As chagas abertas irrompem
Com seu vermelho sórdido
Marcham com sarcasmo e ironia
Contemplam todas as esperanças
Sufocam todas as virtudes
Por medo, vingança
E trágicas lembranças.

Querem fazer você entrar no jogo
Tiram a beleza das coisas
Te jogam pra baixo.
Querem que você fique lá.
Querem que você tenha o mesmo fracasso.

"Equilíbrio tendendo a zero"
Não se pode negociar com isso.
Nessa mente cheia
Esposa de seus ruídos redundantes
Inventam vícios e loucuras.


Nesse circo de abutres covardes
Só não podem tirar de ti uma coisa:

inspiração.

Eis que a lua silenciosa aparece para nos dizer:
Inverta. Inventa.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Construção

Na cabeça, consciência
passo, verbo, não me esqueço
penhasco, nas alturas
gestos pausas
inteira pode me tirar
fotografia da gritaria
acordei a canção
cavidade muscular
esse mundo vodu
em teias alegres
enforcam-se
palmas
colchão
você
ala, compre essa saúde
me encara de frente
me deixa
desencanto
desencontro
CONSTRUÇÃO

sábado, 11 de setembro de 2010

Ave Lúcifer



As maçãs envolvem os corpos nus
Nesse rio que corre em veias mansas, dentro de mim
Anjos e Arcanjos não pousam neste Édem infernal
E a flecha do selvagem matou mil aves no ar

Quieta, a serpente se enrola nos seus pés
É Lúcifer da floresta que tenta me abraçar

Vem amor, que um paraíso num abraço amigo,
sorrirá pra nós, sem ninguém nos ver

Prometo abrir meu amor macio, como uma flor cheia de mel
pra te embriagar, sem ninguém nos ver

Tragam uvas negras
Tragam festas e flores
Tragam corpos e dores
Tragam incensos e odores

Mas tragam Lúcifer pra mim
Em uma bandeja pra mim.

(Mutantes - Ave Lúcifer)

tô viciada nessa música!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Padam Padam



Esta melodia que me deixa obcecada dia e noite
Esta melodia não nasceu hoje
Vem de tão longe quanto eu venho
Arrastada por cem mil músicos.

Um dia essa melodia me deixará louca
Já quis dizer cem vezes por que
Mas ela me cortou a palavra
Ela sempre fala na minha frente
E sua voz cobre minha voz.

Padam...padam...padam...
Ela chega correndo atrás de mim
Padam...padam...padam...
E me apanha com aquele "você se lembra?"
Padam...padam...padam...

É uma melodia que me aponta o dedo
E arrasto atrás de mim como um estranho erro
Esta melodia que sabe tudo de cór.

Ela diz: "Lembra-te de teus amores
Lembra-te que é tua vez
Não há razão para que não chores
Com suas lembranças nos braços"

E eu revejo as que restam
Meus vinte anos falam alto,
Vejo os gestos que se debatem,
Toda a comédia dos amores
Nessa melodia que prossegue sempre

Padam...padam...padam...
Os "eu te amo" de 14 de julho
Padam...padam...padam...
Os "sempre" que se compram com desconto
Padam...padam...padam...
Os "se quiseres" aos montões
E tudo isso para dar, bem na esquina,
Com a melodia que me reconheceu.

Escutem a balbúrdia que ela me faz

É como se todo o meu passado desfilasse.

É preciso guardar (um pouco de) tristeza para depois
Tenho todo um solfejo desta melodia que bate...
Que bate como um coração de madeira...

(Edith Piaf)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Liberté


1937-Portrait-de-Paul-Eluard-au-chat-pablo-picasso


Nos meus cadernos da escola

Na minha carteira nas árvores

Sobre a areia e sobre a neve

Escrevo o teu nome


Em todas as páginas lidas

Em todas as páginas em branco

Pedra sangue papel ou cinza

Escrevo o teu nome


Na selva e no deserto

Nos ninhos e nas giestas

Na memória da minha infância

Escrevo o teu nome


Em cada raio da aurora

Sobre o mar e sobre os barcos

Na montanha enlouquecida

Escrevo o teu nome


Na saúde recuperada

No perigo desaparecido

Na esperança sem lembranças

Escrevo o teu nome


E pelo poder de uma palavra

a minha vida recomeça

Eu renasci para conhecer-te

Para dizer o teu nome


Liberdade.

(Paul Éluard, Poeta da Liberdade)
"VOCÊ SEGURA A CHAMA ENTRE TEUS DEDOS E PINTA COMO UM INCÊNDIO!" (Para Picasso)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Kaguya Hime (A Princesa da Lua)



A luz apagada da névoa
contrasta com a Lua
Que sempre me diz
Não procure sem precisar
Não queira sem ter
Agradeça ao calor dessa noite
Que te guarda e te embala
nesse pranto
Seu sufoco úmido, sua paz
A névoa turva desfaz
Sua luz, Lua
Vou te esperar
Vem aqui me buscar.


--

Poema que fiz baseado no conto japonês da Princesa da Lua(Kaguya Hime, A Lenda do Cortador de Bambu) INFORME-SE! :}

cores








essa luz fria
branca pálida
seca
gela a pele
arrepio
suspiro
angústia

faltam cores nesse mundo
cores de wong kar wai!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

yin yang




contraste
pele clara e cabelo escuro
impressionista e expressionista
sarcasmo e ironia
seriedade e humor
sono e insônia
preguiça e predisposição
loucura e lucidez
ébrio e sóbrio
atitude e timidez
junto e separado
gêmeos e sagitário