Esta melodia que me deixa obcecada dia e noite
Esta melodia não nasceu hoje
Vem de tão longe quanto eu venho
Arrastada por cem mil músicos.
Um dia essa melodia me deixará louca
Já quis dizer cem vezes por que
Mas ela me cortou a palavra
Ela sempre fala na minha frente
E sua voz cobre minha voz.
Padam...padam...padam...
Ela chega correndo atrás de mim
Padam...padam...padam...
E me apanha com aquele "você se lembra?"
Padam...padam...padam...
É uma melodia que me aponta o dedo
E arrasto atrás de mim como um estranho erro
Esta melodia que sabe tudo de cór.
Ela diz: "Lembra-te de teus amores
Lembra-te que é tua vez
Não há razão para que não chores
Com suas lembranças nos braços"
E eu revejo as que restam
Meus vinte anos falam alto,
Vejo os gestos que se debatem,
Toda a comédia dos amores
Nessa melodia que prossegue sempre
Padam...padam...padam...
Os "eu te amo" de 14 de julho
Padam...padam...padam...
Os "sempre" que se compram com desconto
Padam...padam...padam...
Os "se quiseres" aos montões
E tudo isso para dar, bem na esquina,
Com a melodia que me reconheceu.
Escutem a balbúrdia que ela me faz
É como se todo o meu passado desfilasse.
É preciso guardar (um pouco de) tristeza para depois
Tenho todo um solfejo desta melodia que bate...
Que bate como um coração de madeira...
(Edith Piaf)
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