Não que estivesse tentando enganar a si mesmo. Não podia, não dava, tinha vergonha. Olhava para os lados e tudo o que estava ao seu redor parecia etéreo. Alguns objetos, alguns signos e substantivos abstratos, que antes tinham um valor incalculável, agora mais pareciam bugigangas. Artefatos para deixá-lo lúcido de seu objetivo. Coisas que o deixavam pleno de seu desejo.
"Você tem que fazer isso, continue fazendo, não pode parar"
Era isso o que costumavam dizer. E estava presente em qualquer lugar.
Mas agora, tudo lhe parecia tão falso, que para alguem que precisava de simbolos, objetos para se sentir motivado, via-se como um verdadeiro estrangeiro. Como se não pertencesse àquele lugar.
E estando sozinho, sua angústia tapava qualquer visão para outros valores. O que poderia fazer? Nem seu corpo o obedecia mais...
Passou então a desejar coisas as quais não poderia alcançar. Objetos de fuga.
Logo percebeu o quando sua existência era frágil. E como podia desistir tão fácil.
Até que...
"Aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio."
Lembrou-se do que estava precisando. Aliviou-se.
disparates IV
Há 9 anos
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